domingo, 25 de março de 2012

Preferências



Muito além...

           A minha casa eu sonhei assim: ao rés do chão. Com as portas abertas para receber todos os amigos. As janelas largas, bem altas, em um  exagero de luminosidade nos cantos e recantos. Esconderijos são necessários para que os meus filhos e netos guardem sua infância. E que possam resgatá-la todas as vezes que se sentirem ressecados pelo cotidiano.
         Os quartos, com todas essas camas, acomodarão a parentada em Natais, Semanas Santas e festas juninas, julinas setembrinas, o que for.
         A cozinha - veja a cozinha - clara, espaçosa, com o fogão à lenha onde se possa “quentar fogo” em noites frias e chuvosas! Aqui recebo comadres e quem queira, para trocar tipos de receitas: culinária, chás, artesanatos e o quê mais... E para todos os dedos de prosa. No quintal variedade de bichos de pena com bastante rebuliço nas madrugadas, após o canto que perpetua as manhãs nas serranias. No canteiro com alguns pés de couve,  de cebolinha e ervas de cheiro, um girassol, que mostre às margaridas que já são horas. Jasmins, bogaris e damas-da-noite estarão sempre perfumados. A relva, veja! O orvalho? Sol já está velho, o orvalho já secou...
           Lá debaixo das palmeiras, o banquinho de quatro pernas é um convite para a vesperal. Eles vêm sempre à procura dos frutos - os pássaros - de todos os tipos e tamanhos. Repare só, como estão felizes! Eles moram lá na matinha, no pé da serra, mas estão sempre por aqui. Não é verdade que parece que estão conversando?...
         Vizinhança com rio, quis não. Rio é muito bonito, mas é negócio perigoso. Água mesmo, só da nascente que vai correndo - olha – vai formando um corguinho, fiapo de água, com a cantiga da liberdade  entre os seixos. Com lambaris, piabas, e outros peixes de menor porte, veja! Só para meu deleite, que sou contra matança de bicho, ainda que para matar a fome. Para isso, plantei uns pés de milho lá atrás. Desse lado, uma capela, onde faço minhas preces Àquele que à Imagem e Semelhança, criou-me. Ouça o silêncio! Aqui não se ouve nem o murmúrio da Terra. Tudo reverencia o Senhor de todas as coisas. E do tempo...

Esse sonho eu tenho comigo, como um acalanto, a vida inteira. As possibilidades de realizar são bem pequenas, Talvez até pela magnitude dele. Para mim.  Mas isso não me faz uma pessoa amarga nem infeliz, pelo contrário. Sou bem feliz! Aprendi,  ao longo do tempo, que o que faz a gente feliz não são as coisas, são as pessoas que temos ao redor! Porquanto, somos livres quando temos sonhos para sonhar! E assim, voar...

                                                                                                                Lécia Conceição de Freitas. 

domingo, 18 de março de 2012

Memórias


Minha Família, como não amar?!


- Alô, Liana?
- Oi, tá boa?
- Ah , eu não estou boa não. Quebrei um pau no ouvido.
- O quê? Como assim, você está surda?
- Não, quebrei um palito de fósforo no ouvido, estava coçando.
- Santíssimo Sacramento! E agora?
- Não sei não.
- Que foi, mãe? (Uma segunda voz no telefone).
- Sua tia quebrou um palito no ouvido.
- Vai ter que ir ao PA.
- Elaine falou que tem que ir ao PA.
- Fala com ela, pra ir se arrumando que eu vou passar para levá-la.(Uma terceira voz no telefone.)
- Não precisa, vou a pé.
- A gente se encontra lá então.
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- Será que é grave?
- Não é não, mãe
- E se o palito for para o cérebro?
- Que isso, mãe , não tem como!
-Como você sabe?
- Mãe, eu fiz Biologia, lembra ? Não tem como.
- A sua Biologia não sabe de nada. O palito vai andando lá dentro.
- Érica, não responde sua mãe!
- Viiiiiu, pai, viu. Vamos depressa então.
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No colégio:
- Alberto, sua tia ligou. É pra vocês irem embora. Sua mãe está no PA. Parece que é alguma coisa no cérebro.
- Ai meu Deus, vou avisar a Luhara!
- Luhara, a mãe está no PA. Deu alguma coisa no cérebro.
Um colega de sala está passando.
- Ô meu, aqui está a parte do meu trabalho. Não vai dar pra eu falar, a minha mãe está no PA, com alguma coisa no cérebro.
- Pô, cara, sinto muito. É grave?
- Tia Liana ligou, é pra gente ir ficar preparado porque se a mãe tiver que ir pra BH nós vamos pra casa dela.
- BH, por quê?
- Se tiver que operar...
- Ixe.
Outro colega:
- Entra aí, meu, vou levá-los de carro.
- Pô, cara, valeu.
- O que será que aconteceu com a mãe? Será que o véio apareceu e deu um pau nela?
-Cê doido?! Deve ser derrame, ou aneurisma.
-Ixe.
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O colega chega na sala de aula:
- Ô turma, a mãe do Alberto está mal, no PA, está indo pra BH. Parece que está em coma.
- Nossa, vamos rezar um Pai Nosso! Coitado do Alberto e da Luhara!
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No PA:
- Todo mundo já chegou, menos a Lécia.
- Tá chegando, cadê o João?
- Vai saber...
- Como tá?
- bem.
- Coitada, tão nervosa que não está dando fé de nada. Devia ter protegido o ouvido.
- De que, mãe?
- Da friagem.
- A mãe está pior que a tia Lécia, vai ficar doida qualquer hora.
O funcionário, do PA, vendo aquele tanto de gente:
- O que foi, algum acidente, é grave?
- Muito grave, minha irmã quebrou um palito deeeeesse tamanho no ouvido.
- Mas porque ela colocou um palito deeeeesse tamanho no ouvido?
- Prá coçar, o palito quebrou lá dentro.
- Nossa, que gente mais doida!
Depois de muito tempo e de muitas reclamações por causa da demora, chamaram a moribunda.
- Só pode um acompanhante, por favor.
- Assim não é possível, eu tenho direito, sou a irmã.
- Mãe, não convém, a sua pressão pode subir.
- Vai seu pai então.
- Acho que o papai não aguenta, nem eu.
- Os meninos não tem idade pra isso.
- Vai a Érica, ela  entende, é formada em Biologia!
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- E então doutora?
- Não tem nada aqui dentro.
- Mas não é possível, tem que ter!
- A médica lança um olhar furibundo e diz:
- Não tem nada aqui, a paciente está ótima e vocês podem ir embora.
- Mas não vai receitar nada?
- Se ela sentir qualquer coisa durante a noite, amanhã ela pode voltar.
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- Por isso que este país não vai prá frente, tinha que encaminhar pra BH, fazer um exame, talvez precise de cirurgia. Depois a Lécia morre com isso no cérebro, quero ver de quem vai ser a culpa.
- Calma, mãe.
E vão todos embora, frustradíssimos.
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- Qualquer coisa, vocês podem ligar,
- Não é melhor ela dormir lá em casa?
- Não precisa,  muito obrigada! Vou dormir em casa mesmo, estou bem.
- Amanhã você não vai trabalhar. Fica em casa de repouso.

          No dia seguinte, ela aproveita o feriado fora de hora e dorme até mais tarde. Quando levanta vê que a filha já fez quase tudo antes de ir trabalhar. Com cuidado, pra não balançar demais o ouvido, começa a varrer a cozinha. Aí então, lá no cantinho ela vê um pedaço de palito de fósforo quebrado assim meio que na diagonal. Igual ao pedaço que ficou na sua mão quando quebrou ao coçar o ouvido. Ela pega a bolsa e vai para o trabalho.
- Ué, você não estava passando mal do ouvido?!
- Já melhorei, era labirintite.
Achou melhor nem mencionar a palavra palito, senão vai ser motivo de chacota em todas as festinhas familiares e no trabalho.

        Qual desculpa  deu pra família?
-Ah, o palito deve ter dissolvido lá dentro. Ponto de cirurgia 
não dissolve?... Então,  com tanta preocupação
 é bem possível.
Este texto eu escrevi, para fazer uma pequena
 homenagem à minha família que está 
sempre presente em todos os momentos 
de minha vida. O caso é verídico; eu dei 
apenas uma floreada para criar o sentido
 de humor. 
Espero que gostem!

  Lécia Freitas

sexta-feira, 9 de março de 2012

Dia Internacional da Mulher

 Este é um singelo cartão de agradecimento à nossa mãe pelo Dia da Mulher.
Palavras, é pouco para demonstrar nosso orgulho e amor!
Abaixo são algumas fotos da flor que nós Alberto, João Vítor e Luhara, demos a ela. 








Presente


Para Lécia Conceição

Ô mãe... 
independente de como está o seu estado de espírito, estou escrevendo para a mulher mais importante da minha vida
para lhe dizer o quanto é especial. E não se esqueça disso.
No mais, tudo de ótimo sempre em todos os dias, que também são seus.
Todos os dias são das pessoas especiais.

Beijos

Vejam vocês, meu filho querido mandou esse e mail prá mim, no Dia da Mulher, dizendo essas coisas e eu fico toda, toda...
Como não amar tudo isso?!
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