Marca-páginas
Ao que, alforriado me achei. Deixei meu corpo
querer Diadorim; minha alma? Eu tinha recordação do cheiro dele. Mesmo no
escuro, assim, eu tinha aquele fino das feições, que eu não podia divulgar, mas
lembrava, referido, na fantasia da ideia. Diadorim – mesmo o bravo guerreiro –
ele era para tanto carinho: minha repentina vontade era beijar aquele perfume
no pescoço: a lá, onde se acabava e remansava a dureza do queixo, do rosto...
Beleza – o que é? E o senhor me jure! Beleza, o formato do rosto de um: e que
para outro pode ser decreto, é, para destino destinar... E eu tinha que gostar
tramadamente assim, de Diadorim, e calar qualquer palavra. Ele fosse uma
mulher, e à-alta e desprezadora que sendo, eu me encorajava: no dizer paixão e
no fazer – pegava, diminuía: ela no meio de meus braços!
João Guimarães Rosa em Grande Sertão: Veredas
Nenhum comentário:
Postar um comentário