...sério, quieto, feito ele mesmo, só igual a ele
mesmo nesta vida. Tinha notado minha ideia de fugir, tinha me rastreado, me
encontrado. Não sorriu, não falou nada. Eu também não falei. O calor do dia
abandava. Naqueles olhos e tanto de Diadorim, o verde mudava sempre, como a
água de todos os rios em seus lugares ensombrados.
Aquele verde arenoso, mas tão moço, tinha muita velhice, muita velhice,
querendo me contar coisas que a ideia da gente não dá para entender – e acho
que é por isso que a gente morre. De Diadorim ter vindo, e ficar esbarrado ali,
esperando meu acordar e me vendo meu dormir, era engraçado, era para se dar
feliz risada. Não dei. Nem pude nem quis. Apanhei foi o silêncio dum sentimento
feito um decreto: - Que você em sua vida toda por diante, tem de ficar para
mim, Riobaldo, pegado em mim, sempre!... – que era como se Diadorim estivesse
me dizendo.
João Guimarães Rosa em Grande Sertão: Veredas