quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Amo muito tudo isto!




...sério, quieto, feito ele mesmo, só igual a ele mesmo nesta vida. Tinha notado minha ideia de fugir, tinha me rastreado, me encontrado. Não sorriu, não falou nada. Eu também não falei. O calor do dia abandava. Naqueles olhos e tanto de Diadorim, o verde mudava sempre, como a água de todos os  rios em seus lugares ensombrados. Aquele verde arenoso, mas tão moço, tinha muita velhice, muita velhice, querendo me contar coisas que a ideia da gente não dá para entender – e acho que é por isso que a gente morre. De Diadorim ter vindo, e ficar esbarrado ali, esperando meu acordar e me vendo meu dormir, era engraçado, era para se dar feliz risada. Não dei. Nem pude nem quis. Apanhei foi o silêncio dum sentimento feito um decreto: - Que você em sua vida toda por diante, tem de ficar para mim, Riobaldo, pegado em mim, sempre!... – que era como se Diadorim estivesse me dizendo. 
                                                                
                                            João Guimarães Rosa em Grande Sertão: Veredas

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