Minha
Família, como não amar?!
-
Alô, Liana?
-
Oi, tá boa?
-
Ah , eu não estou boa não. Quebrei um pau no ouvido.
-
O quê? Como assim, você está surda?
-
Não, quebrei um palito de fósforo no ouvido, estava coçando.
-
Santíssimo Sacramento! E agora?
-
Não sei não.
-
Que foi, mãe? (Uma segunda voz no telefone).
-
Sua tia quebrou um palito no ouvido.
- Vai ter que ir ao
PA.
- Elaine falou que
tem que ir ao PA.
- Fala com ela, pra
ir se arrumando que eu vou passar para levá-la. (Uma terceira voz no telefone.)
- Não precisa, vou a
pé.
- A gente se encontra
lá então.
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- Será que é grave?
- Não é não, mãe
- E se o palito for
para o cérebro?
- Que isso, mãe , não
tem como!
-Como você sabe?
- Mãe, eu fiz Biologia,
lembra ? Não tem como.
- A sua Biologia não
sabe de nada. O palito vai andando lá dentro.
- Érica, não responde
sua mãe!
- Viiiiiu, pai, viu.
Vamos depressa então.
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No colégio:
- Alberto, sua tia
ligou. É pra vocês irem embora. Sua mãe está no PA. Parece que é alguma coisa
no cérebro.
- Ai meu Deus, vou
avisar a Luhara!
- Luhara, a mãe está
no PA. Deu alguma coisa no cérebro.
Um colega de sala
está passando.
- Ô meu, aqui está a
parte do meu trabalho. Não vai dar pra eu falar, a minha mãe está no PA, com
alguma coisa no cérebro.
- Pô, cara, sinto
muito. É grave?
- Tia Liana ligou, é
pra gente ir ficar preparado porque se a mãe tiver que ir pra BH nós vamos pra
casa dela.
- BH, por quê?
- Se tiver que
operar...
- Ixe.
Outro colega:
- Entra aí, meu, vou
levá-los de carro.
- Pô, cara, valeu.
- O que será que
aconteceu com a mãe? Será que o véio
apareceu e deu um pau nela?
-Cê tá doido?!
Deve ser derrame, ou aneurisma.
-Ixe.
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O colega chega na
sala de aula:
- Ô turma, a mãe do Alberto
está mal, no PA, está indo pra BH. Parece que está em coma.
- Nossa, vamos rezar
um Pai Nosso! Coitado do Alberto e da Luhara!
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No PA:
- Todo mundo já chegou,
menos a Lécia.
- Tá chegando, cadê o
João?
- Vai saber...
- Como cê tá?
- Tô bem.
- Coitada, tá tão nervosa que não está dando fé de
nada. Devia ter protegido o ouvido.
- De que, mãe?
- Da friagem.
- A mãe está pior que
a tia Lécia, vai ficar doida qualquer hora.
O funcionário, do PA,
vendo aquele tanto de gente:
- O que foi, algum
acidente, é grave?
- Muito grave, minha
irmã quebrou um palito deeeeesse tamanho no ouvido.
- Mas porque ela
colocou um palito deeeeesse tamanho no ouvido?
- Prá coçar, o palito
quebrou lá dentro.
- Nossa, que gente mais
doida!
Depois de muito tempo
e de muitas reclamações por causa da demora, chamaram a moribunda.
- Só pode um
acompanhante, por favor.
- Assim não é
possível, eu tenho direito, sou a irmã.
- Mãe, não convém, a
sua pressão pode subir.
- Vai seu pai então.
- Acho que o papai
não aguenta, nem eu.
- Os meninos não tem
idade pra isso.
- Vai a Érica, ela entende, é formada em Biologia!
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- E então doutora?
- Não tem nada aqui
dentro.
- Mas não é possível,
tem que ter!
- A médica lança um
olhar furibundo e diz:
- Não tem nada aqui,
a paciente está ótima e vocês podem ir embora.
- Mas não vai
receitar nada?
- Se ela sentir
qualquer coisa durante a noite, amanhã ela pode voltar.
...............................................................
- Por isso que este
país não vai prá frente, tinha que encaminhar pra BH, fazer um exame, talvez
precise de cirurgia. Depois a Lécia morre com isso no cérebro, quero ver de
quem vai ser a culpa.
- Calma, mãe.
E vão todos embora, frustradíssimos.
......................................................................
- Qualquer coisa, vocês
podem ligar,
- Não é melhor ela
dormir lá em casa?
- Não precisa, muito obrigada! Vou dormir em casa mesmo,
estou bem.
- Amanhã você não vai
trabalhar. Fica em casa de repouso.
No dia seguinte, ela aproveita o
feriado fora de hora e dorme até mais tarde. Quando levanta vê que a filha já
fez quase tudo antes de ir trabalhar. Com cuidado, pra não balançar demais o
ouvido, começa a varrer a cozinha. Aí então, lá no cantinho ela vê um pedaço de
palito de fósforo quebrado assim meio que na diagonal. Igual ao pedaço que
ficou na sua mão quando quebrou ao coçar o ouvido. Ela pega a bolsa e vai para
o trabalho.
- Ué, você não estava
passando mal do ouvido?!
- Já melhorei, era
labirintite.
Achou melhor nem
mencionar a palavra palito, senão vai ser motivo de chacota em todas as
festinhas familiares e no trabalho.
Qual desculpa deu pra família?
-Ah, o palito deve
ter dissolvido lá dentro. Ponto de cirurgia
não dissolve?... Então, com tanta preocupação
é bem possível.
Este texto eu escrevi, para fazer uma pequena
homenagem à minha família que está
sempre presente em todos os momentos
de minha vida. O caso é verídico; eu dei
apenas uma floreada para criar o sentido
de humor.
Espero que gostem!
não dissolve?... Então, com tanta preocupação
é bem possível.
Este texto eu escrevi, para fazer uma pequena
homenagem à minha família que está
sempre presente em todos os momentos
de minha vida. O caso é verídico; eu dei
apenas uma floreada para criar o sentido
de humor.
Espero que gostem!
Lécia Freitas
Oi Tia Lécia!!!
ResponderExcluirAdoreeeeeei o texto!!! chorei de rir relembrando daquele dia. Continue escrevendo sobre outros dias ou fatos tão engraçados quanto este.
Bj e fica com Deus, abraços nos meninos!
Érika.
PS: O BLOG TA UMA GRAÇA!
Oi, Érika, Deus te abençõe! Escrevi errado o seu nome, desculpe-me!
ExcluirFala a verdade, acontece cada coisa com a gente...As pessoas nem acreditam...
Vou tentar me lembrar de outros dias. Você pode ajudar.
Tudo de bom, fica com Deus! Lécia
KKKKKKKKKKKKK, a cara da minha mãe isso de coçar o ouvido com palito de fósforo, na época cotonete era luxo. Ela também coçava as costas na quina da porta. Família é a melhor coisa do mundo, mesmo quando aperreia. Teu texto é muito engraçado, continue escrevendo. Bjs
ResponderExcluirJoana
Oi, Joana! Muito obrigada pelo comentário!
ResponderExcluirEu também coço as costas na quina da porta,kkkkkkkkk! E, realmente, família é tudo de bom. É o nosso eixo, você concorda?
Os aperreios fazem parte.
Feliz semana prá você e os seus!
Lécia